Estudos
De volta às atividades
Mais de 9,3 mil estudantes retornaram esta semana às aulas a distância na Universidade Federal de Pelotas
Carlos Queiroz -
Mais de 9,3 mil alunos retornaram nesta segunda-feira (22) às atividades da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), de maneira remota. Fruto de quase três meses de discussões entre professores, alunos, técnicos administrativos e pró-reitorias, o calendário alternativo da Universidade terá duração de 12 semanas, com término previsto para 16 de setembro. A expectativa da gestão é retomar o primeiro semestre letivo de 2020 em setembro, em um modelo híbrido: aulas práticas ocorrerão presencialmente, enquanto as teóricas seguirão na plataforma. As aulas serão realizadas por meio da plataforma e-aula UFPel.
Dos mais de 20 mil acadêmicos matriculados na UFPel, 7,5 mil de cursos de graduação estão matriculados no calendário alternativo e outros 1,8 mil da pós-graduação - nível com maior adesão, alcançando os 70%. Para a pró-reitora de Ensino, Maria de Fátima Cóssio, a adesão é satisfatória em meio ao contexto; aproximadamente 47% do corpo discente aderiu ao novo modelo. Além da falta de estruturas, uma das justificativas pode ser o número reduzido de disciplinas ofertadas. “De imediato, não teríamos condições de ofertar todas as disciplinas do primeiro semestre do ano”, contou.
A expectativa para o funcionamento do semestre são boas. Com o começo do modelo a distância, foi dada a largada para o próximo passo: o planejamento para o retorno presencial. A previsão é que isso aconteça em setembro, ainda sem uma data marcada, mas não será para todos. Conforme explicou a pró-reitora, as aulas práticas e os estágios serão os primeiras a voltar. Ao mesmo passo em que as disciplinas teóricas se manterão no modelo remoto. “Projetamos um uso extensivo das atividades remotas. Isso não significa que a Universidade vai ser toda on-line”, ressaltou.
Enquanto isso, o Ministério da Educação (MEC) prorrogou na última semana o prazo para o retorno presencial das aulas das universidades federais do país; o que estava previsto para ocorrer neste primeiro semestre do ano mudou para dezembro. “Uma volta como tínhamos antes, com atividades em salas de aula e laboratórios, não será mais possível”, frisou Maria de Fátima. A alternativa é moldada com base em um grupo de trabalho, constituído por representantes do corpo discente, docente, técnicos administrativos e comunidade.
Pós-graduação teme pelas pesquisas
Mestranda da Faculdade de Educação (FaE/UFPel), Bruna Borges está com a dissertação em andamento e conta do receio com os rumos do trabalho dela, sentimento compartilhado com os colegas do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE). “Dependendo da metodologia do trabalho acadêmico, alguns estão congelados, já que as saídas a campo não podem acontecer”, lembra. A Fae emitiu uma nota contrária à aplicação do modelo a distância e, durante as semanas sob vigência, os professores estão ofertando cursos nas linhas de pesquisa que compõem a faculdade.
A estudante opina: “É um modelo muito limitado. No sentido das trocas, não tem como esse aprendizado não ser afetado”. Atualmente, Bruna é bolsista pelos programas de pesquisa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o que também provoca incertezas. Desde março, a agência federal trabalha com uma flexibilização dos prazos, mas ainda não ocorreram pronunciamentos sobre possíveis cortes de bolsas. “Quem é bolsista tem inúmeras demandas para cumprir e isso inclui prazos. Até então tudo está se moldando, mas nos perguntamos, até quando isso vai se sustentar? (...) É muito difícil estar fazendo ciência nesse momento”, completa.
Todos vão precisar se adaptar
O cenário de instabilidade se espalha por todos níveis, como a graduação, e é um problema para muitos alunos. Como é o caso da Janice Helena Ribeiro, estudante da Licenciatura em Ciências Sociais. Trabalhando em dois turnos e cuidando dos três filhos no outro, o estudo na modalidade a distância saiu do horizonte de prioridades. “Todos os dias saio para trabalhar e tenho medo de me infectar, voltar pra casa e infectar meus filhos. Não consigo pensar em ler um texto acadêmico, fazer um fichamento ou qualquer coisa do tipo. Na minha situação, só consigo pensar em como vou sobreviver sendo autônoma”, relata. Assim, ela optou por não se matricular no calendário suplementar.
O acesso a um um modelo híbrido de ensino também é difícil, ela conta - plano para ocorrer ainda este ano, obrigatório a todos os alunos. “Com essas instabilidades todas, é impossível. Isso tudo me impede de ter um crescimento intelectual, de me voltar pra outras coisas que não sejam a sobrevivência. Eu me vejo muito longe do meu sonho de me formar e continuar minha vida acadêmica”, lamenta. Assim como Janice, muitos alunos enfrentam dificuldades que o distanciam de dar prosseguimento às aulas.
A Pró-reitoria de Ensino garante que trabalha em alternativas para “fazer o melhor para a comunidade”. Cóssio acrescenta: “Esse é um desafio enfrentado coletivamente”.
Não fique com dúvidas
Caso encontrem dificuldades na plataforma E-Aula UFPel, professores, estudantes e técnico-administrativos podem encontrar suporte com o Núcleo de Apoio a Tecnologias Educacionais, que integra o UFPel Digital e tem a missão de prestar auxílio à comunidade acadêmica no uso de plataformas e ferramentas digitais no ensino de graduação e de pós-graduação. Normativas, regramentos, orientações um canal de atendimento estão disponíveis na plataforma e no site da Universidade.
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